"Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!"
A frase acima é o final que resume a obra de Karl Marx, o manifesto comunista, uma espécie de bíblia comunista que possivelmente iniciaria no mundo uma onda revolucionária movida pelos trabalhadores que, nas suposições da lógica cíclica do próprio Marx, faria a Revolução Francesa parecer uma "brincadeira" de crianças. O livreto do filósofo alemão é um emaranhado de meias-verdades e grandes equívocos, intencionais ou não.
Primeiramente, marx, em sua dialética materialista, prezava pela luta de classes como a única fonte de conflitos que a humanidade, e fazia crer que as motivações do homem histórico era de motivações puramente materialistas. Certamente para Marx, a saída do povo judeu do Egito de volta para sua pátria não tinha outra conotação além da libertação da escravidão, como se o país de seus antepassados não tivesse importância nenhuma além de um local de refúgio; esqueçam os laços afetivos imateriais que o povo hebreu tinha com a sua amada Israel, um país muito mais que simbólico para eles. Esqueça também as aspirações de liberdade que os povos almejavam quando ainda estavam (ou estão ) dominados pelos grandes impérios, pois para marx tudo não passava de um conto de fadas inventado pelos burgueses para explorar a mais-valia dos trabalhadores em cada um dos territórios dominados pelas supostas elites. A ele não interessa o amor que um homem rico, um nobre, um camponês, um artesão, um artista, um trabalhador comum possa ter pela sua pátria, pela sua região ou qualquer outro pedaço de terra que anima no ser um sentimento imensurável que justificasse a existência dos estados nacionais.
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Protestos na Venezuela: o socialismo na prática produz distopias, diferentemente da utopia apregoada |
O filósofo alemão acreditava que todos os trabalhadores deviam se unir em torno de uma revolução de proporção internacional para alcançarem seus objetivos enquanto classe dominante. Não se sabe como ficaria a situação dele e de Engels, caso essa revolução instaurasse a ditadura do proletariado, posto que ele nunca havia pisado numa fábrica, vivia sempre de uma renda que não era à sua, propriamente dita; viveu à custa do pai burguês, da esposa aristocrática (que ele traiu com uma criada), e mais tarde de seu amigo Engels, que era um burguês bem sucedido, e explorava a mais-valia que acreditava ser a fonte do lucro.
Marx achava que as massas deveriam compartilhar uma espécie de cérebro em comum, e que os indivíduos, com anseios diferentes, tinham de ser esmagados pelo coletivo social em nome de uma sociedade utópica e auto-governável; como se cada trabalhador devesse pensar igual aos outros, e não tivessem anseios de possuir a sua própria propriedade, um negócio baseado no lucro do esforço pessoal e dedicação, um patrimônio para que os filhos desfrutassem como herança e que cada geração visse os seus respectivos países melhorarem socialmente. Foi o capitalismo o responsável pelo aperfeiçoamento das nações, dos povos que hoje são referência no quesito padrão de vida, não as lutas "revolucionárias" socialistas. Aliás, estas últimas só produziram distopias.
O comunismo na sua tentativa de implantação a partir da União Soviética provou o quanto é maléfico para as pequenas soberanias -- se não fora bom nem mesmo para os russos --, os tártaros da Crimeia fora varridos de sua terra natal pelos comunistas; os ucranianos pereceram num holocausto fa médico silenciado pelos acadêmicos até hoje, que tem a ousadia de negá-los, ou quando muito, justificá-los. Nem me alongar vou na questão do Leste europeu, onde os países eram apenas fantoches da URSS, sofrendo pesadas represálias da pátria-mór do comunismo caso tentassem de alguma forma serem mais autônomos.
Quanto a vida dos trabalhadores nesses regimes, ela piora. Somente uma elite política e ligada ao Estado colhe seus benefícios, mantidos pela exploração dos trabalhadores que dizem defender dos tiranos capitalistas.
Os tempos mudaram desde que Marx desejava com seus emaranhados filosóficos capitanear um novo período revolucionário que faria a Revolução Francesa parecer uma brincadeira de criança. Foi justamente nos países capitalistas com maior liberdade individual, econômica e com amplo direito garantido à propriedade que os trabalhadores atingiram uma qualidade de vida inimaginável até décadas atrás. Isto graças à livre iniciativa do capitalismo, não a processos revolucionários muitas vezes violentos que se mostraram incapazes de garantir o verdadeiro bem estar social. Mas os revoltados marxistas não se dão por vencidos, e investem agora nos grupos cujas reivindicações ultrapassam as fronteiras nacionais, fazendo com que um ambientalista anti-capitalista [ou qualquer outro credo baseado nas representações das minorias] inglês grite no seu idioma pátrio quase a mesma coisa que o seu congênere sulamericano; o que a título de exemplo, os aproxima para se aliarem e gritarem aos restantes: UNI-VOS! E justificaria mais uma vez a suposta inutilidade das fronteiras nacionais nesse período pós-moderno.

É claro que estrategicamente não são estúpidos, e por isso mesmo costumam por vezes apoiar a criação de novos estados nacionais quando se tem um provável antagonista em comum; como é o caso da Catalunha e da Palestina, por exemplo. E tão logo voltam a achar um absurdo que haja no Brasil movimentos independentistas...
A conclusão a que se chega é que o marxismo não é amigável para com as aspirações autonomistas, visto que este representa uma união utópica de uma provável classe em nome do bem comum; mas que os benefícios de sua prática só são viáveis para as classes estatistas que do Estado forte se nutrem num caráter parasitário muito maior que qualquer estado absolutista do passado tenha sido. Um estado mundial não é a solução para os problemas da humanidade, e sim a sua expansão a lugares antes seguros dos males estatais. Os marxistas continuam a investir na luta de classes, agora mais difusas, para justificarem o fim das soberanias nacionais em nome de um Estado global forte.
POVOS DE TODO O MUNDO, SEPARAI-VOS! Pois só a competitividade e iniciativa individual provam que é possível haver colaboração econômica suficiente para conduzir as inovações advindas da dinamização das autonomias dos povos livres!