quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O Reino Fluminense: uma solução Real?



  Em 1905 surgia um novo país na Europa, a Noruega. A separação se deu em relação à Suécia, uma monarquia já consolidada na península escandinava. Diferentemente dos países que se tornavam independentes à altura daquela época, a Noruega não se tornou uma república, tal como era a moda nacionalista a cada novo país que surgia; e também não se pode colocá-la ao par da igualdade dos regimes monárquicos de Alemanha e Itália, pois estes dois países surgiram do fruto de uma unificação questionável, visto que soberanias menores foram suprimidas arbitrariamente para a realização da unificação.
O Brasil, na América do Sul também foi exceção quando se separou de Portugal, optou por conservar-se numa monarquia que mantivesse a sua unidade territorial. Dificilmente isso ocorria com sucesso, e não tardaria muito para que regimes monárquicos fossem substituídos por uma república -- muitas vezes ditatoriais, com menos liberdades do que um regime de cunho representativo como é a monarquia. O Brasil não conservou o seu regime representativo, democrático e parlamentar, diferente da Noruega, que hoje colhe seus bons frutos da estabilidade política proporcionada pelo caráter moderador de seu rei, e que se converteu em estabilidade financeira necessária para tornar o país escandinavo no mais alto degrau de desenvolvimento humano do mundo.
  A monarquia é o símbolo da continuidade e da boa governança. O monarca exerce seu poder de forma moderada entre os interesses de partidos políticos e de suas ideologias em nome das futuras gerações; não fica fadado apenas a um mandato. A república, devido a natureza mandatária de seus governantes, não é um regime adequado para a continuidade, uma vez que os governos são limitadas apenas aos mandatos de caráter pessoal; e geralmente terminam as obras de um determinado governo quando outro se inicia. Na monarquia, muitas vezes as boas políticas se tornam políticas de estado, e não somente a determinados governos e seus partidários; é por isso que mesmo a Suécia e Noruega tendo governos socialistas, estes nada podem atentar contra a ordem estabelecida pelas políticas de Estado -- e até hoje os escandinavos colhem também os frutos do liberalismo econômico de seus governos pretéritos (e de certa forma vemos hoje os socialistas receberem os parabéns por já terem tudo aprontado para si; "com bons ventos qualquer um pode navegar").
O palácio Quitandinha em Petrópolis, cidade imperial.
  O Brasil não tem a sua monarquia desde 1889, antes da independência da Noruega, mas ainda existe os descendentes de d. Pedro II, o único chefe de estado decente que o brasil teve em toda a sua história. As coisas mudaram muito desde que a antiga majestade fora deposta por um golpe militar apoiado por uma minoria de republicanos que pouca representatividade tinham no parlamento. Desde então os povos brasílicos vivem num paradigma, onde a república simboliza o progresso e governo de representatividade popular, e a monarquia O atraso e as "elites". Mas a história confirma o contrário: o Brasil passou mais tempo sob domínio de governos autoritários e de representação mínima. A monarquia preza pela moderação, e está acima dos interesses de determinados setores políticos e sociais; é um regime essencialmente apartidário.
  Creio que o melhor sistema para um novo país que surge, tal como a Noruega, seja mesmo a monarquia. Um Rio de Janeiro independente e organizado sob a forma representativa da monarquia é a segurança necessária para que as boas políticas continuassem além dos interesses políticos dos partidos e das alianças. Seria uma forma diferente e eficaz de organização do novo país, já que uma república estaria fadada a representar em menor escala o que há de pior na política brasileira; não é exagero observar a quantidade e a qualidade dos políticos fluminenses com severidade e reprovação, que nos envergonham diariamente a cada vez que aparecem em algum escândalo.
A Quinta da Boa Vista com o museu homônimo ao fundo.  Durante muito tempo foi a residência da família real na época do império. Foto: Guiga Pirá.
   O Rio de Janeiro já foi a capital de um império colonial, com a corte de Lisboa aqui instalada, e também a capital do império do Brasil. Há nesta terra uma vocação para um regime monárquico, e pode muito bem ser aproveitado para a organização do nosso País Fluminense; um reino independente e diferente do Brasil, com os seus separatistas majoritariamente interessados numa formação republicana. Resta saber se algum descendente de d. Pedro II estiver interessado em assumir o trono do pequeno reino, pois duas casas reais o Rio possui: a Casa de Vassouras e a Casa de Petrópolis. Quem sabe o museu da quinta da Boa Vista volte a se tornar na residência de sua majestade? É bom que deixemos o trono disponível para o futuro monarca desse novo país. E o palácio do Catete, se bem aproveitado, poderá se tornar a sede do executivo do reino. Há ainda muito que salutar pela autonomia política fluminense, mas é um caso consideravelmente positivo para esse novo país se organizar em torno da monarquia; basta olharmos para o exemplo norueguês. Eles não devem ter se arrependido de ceder a chefia da nação a um monarca hereditário em vez de um presidente mandatário.
Vassouras durante o "Império do Café"





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