Em 1905 surgia um novo país na Europa, a Noruega. A separação se deu em relação à Suécia, uma monarquia já consolidada na península escandinava. Diferentemente dos países que se tornavam independentes à altura daquela época, a Noruega não se tornou uma república, tal como era a moda nacionalista a cada novo país que surgia; e também não se pode colocá-la ao par da igualdade dos regimes monárquicos de Alemanha e Itália, pois estes dois países surgiram do fruto de uma unificação questionável, visto que soberanias menores foram suprimidas arbitrariamente para a realização da unificação.
O Brasil, na América do Sul também foi exceção quando se separou de Portugal, optou por conservar-se numa monarquia que mantivesse a sua unidade territorial. Dificilmente isso ocorria com sucesso, e não tardaria muito para que regimes monárquicos fossem substituídos por uma república -- muitas vezes ditatoriais, com menos liberdades do que um regime de cunho representativo como é a monarquia. O Brasil não conservou o seu regime representativo, democrático e parlamentar, diferente da Noruega, que hoje colhe seus bons frutos da estabilidade política proporcionada pelo caráter moderador de seu rei, e que se converteu em estabilidade financeira necessária para tornar o país escandinavo no mais alto degrau de desenvolvimento humano do mundo.
A monarquia é o símbolo da continuidade e da boa governança. O monarca exerce seu poder de forma moderada entre os interesses de partidos políticos e de suas ideologias em nome das futuras gerações; não fica fadado apenas a um mandato. A república, devido a natureza mandatária de seus governantes, não é um regime adequado para a continuidade, uma vez que os governos são limitadas apenas aos mandatos de caráter pessoal; e geralmente terminam as obras de um determinado governo quando outro se inicia. Na monarquia, muitas vezes as boas políticas se tornam políticas de estado, e não somente a determinados governos e seus partidários; é por isso que mesmo a Suécia e Noruega tendo governos socialistas, estes nada podem atentar contra a ordem estabelecida pelas políticas de Estado -- e até hoje os escandinavos colhem também os frutos do liberalismo econômico de seus governos pretéritos (e de certa forma vemos hoje os socialistas receberem os parabéns por já terem tudo aprontado para si; "com bons ventos qualquer um pode navegar").
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O palácio Quitandinha em Petrópolis, cidade imperial. |
Creio que o melhor sistema para um novo país que surge, tal como a Noruega, seja mesmo a monarquia. Um Rio de Janeiro independente e organizado sob a forma representativa da monarquia é a segurança necessária para que as boas políticas continuassem além dos interesses políticos dos partidos e das alianças. Seria uma forma diferente e eficaz de organização do novo país, já que uma república estaria fadada a representar em menor escala o que há de pior na política brasileira; não é exagero observar a quantidade e a qualidade dos políticos fluminenses com severidade e reprovação, que nos envergonham diariamente a cada vez que aparecem em algum escândalo.
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A Quinta da Boa Vista com o museu homônimo ao fundo. Durante muito tempo foi a residência da família real na época do império. Foto: Guiga Pirá. |
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Vassouras durante o "Império do Café" |
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